A aparência do médico… E a do estudante de medicina

A aparência do médico… E a do estudante de medicina

Vou iniciar esta carta, transcrevendo um trecho de um dos livros de Hipócrates, o maior médico de todos os tempos; na verdade, o criador das bases da medicina que praticamos, hoje, mais de 2.000 anos depois, mas que permanecem vivas e atuais como verdades permanentes:


“Quando um médico entra em contato com um doente, convém estar atento ao modo como se comporta; deverá estar bem vestido, ter uma fisionomia tranquila, dar toda a atenção ao paciente, não perder a paciência e ficar calmo em presença de dificuldades. É um ponto importante para o médico ter uma aparência agradável, porque aquele que não cuida do próprio corpo não está em condições de se preocupar com os outros. Deverá saber calar-se no momento oportuno e mostrar-se gentil e tolerante; nunca deverá agir impulsiva ou precipitadamente, nunca deverá estar de mau humor nem mostrar-se demasiadamente alegre.”


Este trecho é um conjunto de preciosas lições, porém vou comentar apenas a aparência do médico; melhor dizendo, a aparência que devemos ter diante dos pacientes, desde o primeiro encontro no curso de medicina!


O uso de roupa branca, sob a forma de um jaleco sobre o uniforme branco ou sobre a roupa comum, além de seu significado simbólico, contribui para uma boa aparência e funciona como equipamento de proteção individual. Por isso, o uniforme não deve dispensar o uso do jaleco branco, que só deve ser usado dentro do hospital ou das instituições que atendem pacientes. O mesmo deve acontecer com os sapatos, que devem ser fechados para proteção contra acidentes com objetos perfurocortantes. Sandálias abertas ou semiabertas, às vezes, com finas tiras de couro ou de outro material, sapatos de plataforma ou com saltos altos (ou altíssimos) são elegantes e glamorosos, mas totalmente inadequados para o trabalho com pacientes.


As vestes brancas têm também um simbolismo, e significam preocupação com a limpeza e a higiene por parte de quem as traja. Essas são as razões para se exigir dos estudantes que, para adentrar o hospital, devem estar vestidos de branco e ter uma aparência agradável. Aparência agradável subentende asseio corporal, unhas aparadas, cabelos penteados e, quando compridos, devidamente presos, roupas limpas que lhe confiram um aspecto saudável.


É importante lembrar que os estudantes (atualmente, isso vale para homens e mulheres) não devem entrar no hospital portando bijuterias grandes e vistosas nem piercings extravagantes, pois, além de descaracterizarem sua figura de futuro médico, são elementos de transmissão de bactérias, podendo contribuir para a disseminação de infecção hospitalar.


As tatuagens também merecem um comentário: culturalmente, para muitos pacientes, elas podem ter uma conotação negativa. Por isso, se você tiver alguma tatuagem, ela deve ficar recoberta de modo a não ser vista pelo paciente. Afinal, ele pode não pertencer à mesma “tribo” do estudante.


Aproveito a oportunidade para lhe dizer que, além da boa aparência, você deve ser comedido em suas atitudes, em sua linguagem e em seu comportamento. As brincadeiras, os ditos jocosos, as discussões de assuntos alheios ao ensino e ao interesse dos pacientes devem ser deixados para outra oportunidade e outro local.


Em suma, adquirir a “aparência” de “médico” é um dos componentes do lento processo de “tornar-se médico”.



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