Abdome Aberto no Controle de Danos

Abdome Aberto no Controle de Danos

Inicialmente, os princípios cirúrgicos basearam-se em reparações anatômicas, visando a uma reparação orgânica primária e definitiva. Na última década, foi dada uma maior importância à correção dos problemas fisiológicos, levando ao conceito de cirurgia de controle de danos, com ênfase especial na necessidade da manutenção do abdome aberto (laparostomia ou peritoneostomia).


A cirurgia de controle de danos é uma forma de tratar a exaustão fisiológica e de deferir alguns procedimentos que, se efetuados num primeiro tempo, apenas levariam ao agravamento da situação fisiológica do paciente, com impossibilidade de recuperação do doente. Nesse momento, tem-se como escopo controlar sangramentos e interromper a contaminação da cavidade, a fim de que a tríade letal do trauma seja interrompida.


Como indicações principais para a peritoneostomia, podemos citar incapacidade de fechamento da cavidade abdominal, hipertensão intra-abdominal documentada, síndrome de compartimento abdominal, necessidade de drenagem da cavidade abdominal por infecção grave, necessidade de relaparotomias, coagulopatia, hipotermia (< 35°C) e instabilidade hemodinâmica.


Durante a permanência do abdome aberto, observa-se retração lateral da aponeurose, o que dificulta o fechamento da cavidade e, como consequência, há o surgimento de uma hérnia incisional. Tais hérnias levam à formação de aderências e tornam as cirurgias abdominais futuras mais complicadas, com aumento da morbidade e mortalidade. Isso pode ser evitado empregando-se técnicas de fechamento temporário, como: Técnica de Bolsa de Bogotá, Técnica de Barker, Vaccum-Assisted Closure Therapy (VAC) dentre outras, as quais permitem um fechamento da cavidade abdominal com uma menor tensão.


A Técnica de Bolsa de Bogotá apesar de menos eficiente, é muito utilizada, em decorrência de seu menor custo e, por isso, da maior facilidade de acesso ao material. A Técnica de Barker pode representar uma alternativa com custo adequado para pacientes que são submetidos ao controle de dano em trauma, considerando-se que 60% dos casos terão a cavidade fechada após a primeira reabordagem. A terapia VAC mostrou-se superior em relação às demais técnicas, por permitir um maior controle do líquido do terceiro espaço, evitar mais complicações, como fístula, ter menor taxa de mortalidade, menores taxas de infecção e maior facilidade no fechamento primário da cavidade abdominal, devendo ser, sempre que possível, a terapia de eleição para os casos em que se opta pela manutenção da peritoneostomia.


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