Avaliação pré-operatória para cirurgia cosmética das pálpebras

Avaliação pré-operatória para cirurgia cosmética das pálpebras

A cirurgia cosmética palpebral desempenha um papel vital no rejuvenescimento facial, havendo uma relação estética direta entre os terços superior e médio da face. A blefaroplastia da pálpebra superior e inferior é comumente indicada para o tratamento de excesso de pele, músculo orbicular dos olhos e prolapso da gordura orbitária. A avaliação pré-operatória deve incluir a história médica e oftalmológica completa, além de um exame óculo-facial detalhado. Os sintomas preexistentes de olho seco devem ser considerados no pré-operatório, pois estão diretamente relacionados às complicações pós-operatórias. O exame físico deve levar em consideração a posição da sobrancelha, a presença de ptose palpebral, a posição da palpebral inferior e a projeção da região malar.


AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA

A avaliação pré-operatória do paciente para blefaroplastia deve documentar a história médica e oftalmológica, bem como identificar a presença de doenças sistêmicas crônicas e o uso de medicamentos. Sempre que possível, a história oftalmológica deve ser obtida, incluindo a preexistência de algum problema visual, trauma, glaucoma, reações alérgicas, excesso de lacrimejamento e olhos secos.
A avaliação da área periocular deve levar em consideração a qualidade e a quantidade da pele, os contornos tridimensionais dos tecidos moles subjacentes e o suporte ósseo esquelético. O exame das pálpebras inclui medidas importantes que devem ser levadas em consideração como parâmetros-chave e que podem significar provas documentais de assimetrias naturais entre os lados. Desse modo, além do excesso de pele a ser removido, costuma-se medir em milímetros os principais parâmetros: (a) Brow fat span (BFS): distância entre o limite inferior dos supercílios e a dobra ou sulco palpebral; (b) plataforma tarsal: distância entre os cílios e a dobra de pele palpebral; (c) distância entre as fissuras verticais e horizontais das pálpebras bilateralmente.


Avaliação da pálpebra superior

A dermatocálase, ou excesso de pele da pálpebra superior, é causada pela perda de elasticidade e do suporte estrutural da pele. A dobra de excesso de pele da pálpebra superior, dependendo do estágio, pode prejudicar o campo visual superolateral. A avaliação das camadas de gordura pré-septal e dos supercílios é importante na definição do contorno do sulco superior.
A análise das fotografias antigas do paciente ajuda o cirurgião a entender o processo de envelhecimento individualmente, servindo como indicativo do procedimento mais adequado para cada caso.
O exame da pálpebra superior pode também mostrar a presença de ptose palpebral, que, se diagnosticada, poderá ser corrigida simultaneamente por via interna ou externa, aproveitando-se a própria incisão da blefaroplastia no sulco palpebral. Nesses casos, há um desequilíbrio da força do músculo elevador da pálpebra sobre o tarso, gerando a diminuição da abertura palpebral. Durante o exame, toma-se a medida em milímetros da distância entre o reflexo de luz ou flash até a margem da borda palpebral superior (distância margem-reflexo – DMR).


Avaliação da pálpebra inferior

As pálpebras inferiores devem ser avaliadas quanto ao excesso de pele e à presença das bolsas de gordura, distribuídas em compartimentos medial, central e lateral. Com o passar dos anos há o aumento da frouxidão do músculo orbicular dos olhos e do septo orbitário. Esse processo leva ao deslocamento das bolsas de gordura que se projetam anteriormente, tornando-se mais evidentes.
Durante o exame, a gordura palpebral inferior torna-se mais proeminente ao olhar para cima e menos aparente ao olhar para baixo. É importante palpar e pinçar as pálpebras de maneira a avaliar a frouxidão e excesso de pele.
Em pacientes mais idosos, o teste de distração da pálpebra inferior pode determinar o grau de frouxidão e elasticidade, orientando a necessidade do reposicionamento do canto lateral da pálpebra inferior.
O exame snap back test analisa o tônus do músculo orbicular e do tendão cantal lateral. Esse teste observa o tempo de retorno da pálpebra inferior para a posição original após ter sido deslocada para baixo.
Faz parte do exame das pálpebras inferiores entender sua relação com a anatomia da região malar. A presença ou ausência de suporte ósseo e de gordura, podem influenciar a posição da pálpebra inferior em relação ao globo ocular.


Avaliação dos supercílios

A queda dos supercílios é avaliada por meio da sua posição em relação ao rebordo orbitário superior. Anatomicamente, nas mulheres, as sobrancelhas apresentam-se a uma altura de 1,0 a 1,5 cm acima do rebordo orbitário. No homem, em geral os supercílios coincidem com o rebordo orbitário. A assimetria nas pálpebras superiores pode estar intimamente relacionada à posição das sobrancelhas e deve ser reconhecida e tratada individualmente. Nesses casos, a elevação dos supercílios deve ser considerada antes ou concomitantemente à blefaroplastia superior, por via externa ou endoscópica.


REFERÊNCIAS

Adamson PA, Strecker HD. Transcutaneous lower blepharoplasty. Facial Plast Surg. 1996;12:171-83.
Baker SR. Orbital fat preservation in lower-lid blepharoplasty. Arch Facial Plast Surg. 1999;1:33-7.
Baylis HI, Goldberg RA, Kerivan KM, Jacobs JL. Blepharoplasty and periorbital surgery. Dermatol Clin. 1997;15(4):635-47.
Castro E, Foster JA. Upper lid blepharoplasty. Facial Plast Surg. 1999;15:173-81.
Flowers RS. Canthopexy as a routine blepharoplasty component. Clin Plast Surg. 1993;20:351-65.
Goldberg RA, Yuen VH. Restricted ocular movements following lower eyelid fat repositioning. Plast Reconstr Surg. 2002;110:302-5-306-8.
Goldberg RA. The three periorbital hollows: A paradigm for periorbital rejuvenation. Plast Reconstr Surg. 2005;116:1796-804.
Goldberg RA. The three periorbital hollows: a paradigm for periorbital rejuvenation. Plast Reconstr Surg. 2005;116(6):1796-804.
Goldberg RA. Transconjunctival orbital fat repositioning: Transposition of orbital fat pedicles into a subperiosteal pocket. Plast Reconstr Surg. 2000;105:743-8-749-51.
Hamra ST. Arcus marginalis release and orbital fat preservation in midface rejuvenation. Plast Reconstr Surg. 1995;96:354-62.
Hamra ST. The role of orbital fat preservation in facial aesthetic surgery: A new concept. Clin Plast Surg. 1996;23:17-28.
Honrado CP, Pastorek NJ. Long-term results of lower-lid suspension blepharoplasty: A 30-year experience. Arch Facial Plast Surg. 2004;6:150-4.
Jacono AA, Moskowitz B. Transconjunctival versus transcutaneous approach in upper and lower blepharoplasty. Facial Plast Surg. 2001;17:21-8.
Januszkiewicz JS, Nahai F. Transconjunctival upper blepharoplasty. Plast Reconstr Surg. 1999;103:1015-8.
Kawamoto HK, Bradley JP. The tear "TROUF" procedure: transconjunctival repositioning of orbital unipedicled fat. Plast Reconstr Surg. 2003;112(7):1903-7; discussion 1908-9.
Lew H, Goldberg RA. Maximizing symmetry in upper blepharoplasty -the role of microptosis surgery. Plast Reconstr Surg. 2016;137(2):296e-304e.
Loeb R. Fat pad sliding and fat grafting for leveling lid depressions. Clin Plast Surg. 1981;8:757-76.
Mühlbauer W, Holm C. Orbital septorrhaphy for the correction of baggy upper and lower eyelids. Aesthetic Plast Surg. 2000;24:418-23.
Naik MN, Honavar SG, Das S, Desai S, Dhepe N. Blepharoplasty: an overview. J Cutan Aesthet Surg. 2009;2(1):6-11.
Parkes M, Fein W, Brennan HG. Pinch technique for repair of cosmetic eyelid deformities. Arch Ophthalmol. 1973;89:324-8.
Rizk SS, Matarasso A. Lower eyelid blepharoplasty: Analysis of indications and the treatment of 100 patients. Plast Reconstr Surg. 2003;111(3):1299-306; discussion 1307-8.
Seckel BR, Kovanda CJ, Cetrulo CL, Jr, Passmore AK, Meneses PG, White T. Laser blepharoplasty with transconjunctival orbicularis muscle/septum tightening and periocular skin resurfacing: A safe and advantageous technique. Plast Reconstr Surg. 2000;106:1127-41; discussion 1142-5.
Trelles MA. Sight lost after lower lid laser blepharoplasty. Ann Plast Surg. 2000;45:678-9.
Trussler AP, Rohrich RJ. Blepharoplasty. Plast Reconstr Surg. 2008;121:1-10.
Zarem HA, Resnick JI. Expanded applications for transconjunctival lower lid blepharoplasty. Plast Reconstr Surg. 1991;88(2):215-20; discussion 221.
Zarem HA, Resnick JI. Minimizing deformity in lower blepharoplasty: The transconjunctival approach. Clin Plast Surg. 1993;20:317-21.


Compartilhe: