Avaliação pré-operatória para cirurgia cosmética das pálpebras
- 20 de abr de 2020
A cirurgia cosmética palpebral desempenha um papel vital no rejuvenescimento facial, havendo uma relação estética direta entre os terços superior e médio da face. A blefaroplastia da pálpebra superior e inferior é comumente indicada para o tratamento de excesso de pele, músculo orbicular dos olhos e prolapso da gordura orbitária. A avaliação pré-operatória deve incluir a história médica e oftalmológica completa, além de um exame óculo-facial detalhado. Os sintomas preexistentes de olho seco devem ser considerados no pré-operatório, pois estão diretamente relacionados às complicações pós-operatórias. O exame físico deve levar em consideração a posição da sobrancelha, a presença de ptose palpebral, a posição da palpebral inferior e a projeção da região malar.
AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA
A avaliação pré-operatória do paciente para blefaroplastia deve documentar a história médica e oftalmológica, bem como identificar a presença de doenças sistêmicas crônicas e o uso de medicamentos. Sempre que possível, a história oftalmológica deve ser obtida, incluindo a preexistência de algum problema visual, trauma, glaucoma, reações alérgicas, excesso de lacrimejamento e olhos secos.
A avaliação da área periocular deve levar em consideração a qualidade e a quantidade da pele, os contornos tridimensionais dos tecidos moles subjacentes e o suporte ósseo esquelético. O exame das pálpebras inclui medidas importantes que devem ser levadas em consideração como parâmetros-chave e que podem significar provas documentais de assimetrias naturais entre os lados. Desse modo, além do excesso de pele a ser removido, costuma-se medir em milímetros os principais parâmetros: (a) Brow fat span (BFS): distância entre o limite inferior dos supercílios e a dobra ou sulco palpebral; (b) plataforma tarsal: distância entre os cílios e a dobra de pele palpebral; (c) distância entre as fissuras verticais e horizontais das pálpebras bilateralmente.
Avaliação da pálpebra superior
A dermatocálase, ou excesso de pele da pálpebra superior, é causada pela perda de elasticidade e do suporte estrutural da pele. A dobra de excesso de pele da pálpebra superior, dependendo do estágio, pode prejudicar o campo visual superolateral. A avaliação das camadas de gordura pré-septal e dos supercílios é importante na definição do contorno do sulco superior.
A análise das fotografias antigas do paciente ajuda o cirurgião a entender o processo de envelhecimento individualmente, servindo como indicativo do procedimento mais adequado para cada caso.
O exame da pálpebra superior pode também mostrar a presença de ptose palpebral, que, se diagnosticada, poderá ser corrigida simultaneamente por via interna ou externa, aproveitando-se a própria incisão da blefaroplastia no sulco palpebral. Nesses casos, há um desequilíbrio da força do músculo elevador da pálpebra sobre o tarso, gerando a diminuição da abertura palpebral. Durante o exame, toma-se a medida em milímetros da distância entre o reflexo de luz ou flash até a margem da borda palpebral superior (distância margem-reflexo – DMR).
Avaliação da pálpebra inferior
As pálpebras inferiores devem ser avaliadas quanto ao excesso de pele e à presença das bolsas de gordura, distribuídas em compartimentos medial, central e lateral. Com o passar dos anos há o aumento da frouxidão do músculo orbicular dos olhos e do septo orbitário. Esse processo leva ao deslocamento das bolsas de gordura que se projetam anteriormente, tornando-se mais evidentes.
Durante o exame, a gordura palpebral inferior torna-se mais proeminente ao olhar para cima e menos aparente ao olhar para baixo. É importante palpar e pinçar as pálpebras de maneira a avaliar a frouxidão e excesso de pele.
Em pacientes mais idosos, o teste de distração da pálpebra inferior pode determinar o grau de frouxidão e elasticidade, orientando a necessidade do reposicionamento do canto lateral da pálpebra inferior.
O exame snap back test analisa o tônus do músculo orbicular e do tendão cantal lateral. Esse teste observa o tempo de retorno da pálpebra inferior para a posição original após ter sido deslocada para baixo.
Faz parte do exame das pálpebras inferiores entender sua relação com a anatomia da região malar. A presença ou ausência de suporte ósseo e de gordura, podem influenciar a posição da pálpebra inferior em relação ao globo ocular.
Avaliação dos supercílios
A queda dos supercílios é avaliada por meio da sua posição em relação ao rebordo orbitário superior. Anatomicamente, nas mulheres, as sobrancelhas apresentam-se a uma altura de 1,0 a 1,5 cm acima do rebordo orbitário. No homem, em geral os supercílios coincidem com o rebordo orbitário. A assimetria nas pálpebras superiores pode estar intimamente relacionada à posição das sobrancelhas e deve ser reconhecida e tratada individualmente. Nesses casos, a elevação dos supercílios deve ser considerada antes ou concomitantemente à blefaroplastia superior, por via externa ou endoscópica.
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