CFM orienta médicos sobre medidas de prevenção e uso de EPI
- 1 de abr. de 2020
O Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou nota em que esclarece que estará atento à organização das medidas de prevenção e controle de infecção nos serviços de saúde, bem como à disponibilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) aos médicos e demais profissionais e que não admitirá que gestores (públicos e privados) ignorem essas exigências, definidas, inclusive, pelas autoridades sanitárias.
Para ajudar na fiscalização do cumprimento dessas exigências de segurança, criou uma plataforma, em seu site, pela qual o médico poderá fazer a comunicação de falta de EPI e infraestrutura nas unidades de atendimento. A expectativa é que este tipo de ação dinâmica que contemple a necessidade urgente de EPIs e de medidas de prevenção e controle de infecção, evite baixas nas equipes de atendimento.
O CFM ressalta aos médicos e demais profissionais da saúde a importância de garantir – sob qualquer circunstância ‐ que políticas e boas práticas para prevenção ao novo coronavírus (SARS‐CoV‐2) sejam implementadas, desde antes da chegada do paciente ao serviço de saúde, estendendo-se durante toda a oferta de assistência.
Com base em orientações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e para facilitar a incorporação dessas medidas à rotina dos profissionais destaca as seguintes recomendações:
TRANSPORTE DE CASOS SUSPEITOS OU CONFIRMADOS DE COVID‐19
- Providenciar máscara cirúrgica para o caso suspeito ou confirmado de COVID‐19;
- Realizar a paramentação adequada, com os EPIs, para a equipe que fará o transporte;
- Melhorar a ventilação do veículo durante o transporte;
- Limpar e desinfectar todas as superfícies internas do veículo após o transporte (usar álcool a 70%, hipoclorito de sódio ou outro desinfetante indicado para este fim);
- Seguir procedimento operacional padrão para limpeza e desinfecção do veículo, definido pela autoridade sanitária;
- Após esses processos, lavar as mãos com água e sabão ou friccionar com álcool em gel a 70%;
- Evitar o transporte interinstitucional de casos suspeitos ou confirmados. Se for realmente necessário, o paciente deve usar máscara, obrigatoriamente;
- Casos suspeitos ou confirmados transportados em ambulância devem ser reportados ao responsável pelo serviço de destino, se possível antes da chegada.
ATENDIMENTO AMBULATORIAL OU PRONTO ATENDIMENTO
- Ao agendar consultas, questionar pacientes e acompanhantes sob sintomas de alguma infecção respiratória;
- Em caso positivo, pedir que sejam tomadas as ações preventivas apropriadas desde a chegada ao serviço (higienização frequente das mãos, adoção de “etiqueta e toalete respiratória” e uso de máscara cirúrgica);
- Pacientes com sintomas respiratórios devem usar papel descartável para conter secreções infecciosas e após realizar higiene das mãos com água e sabonete líquido ou álcool gel a 70%; Casos suspeitos de infecção pelo novo coronavírus devem permanecer preferencialmente em área separada até a consulta ou encaminhamento para hospital (caso seja necessária remoção);
- Estimular e prover condições para adequada higiene das mãos (pia, com a disponibilidade de água e sabonete líquido, além de papel toalha) e acesso à álcool gel ou solução a 70%.
TRIAGEM E ESPERA POR ATENDIMENTO
- Orientar o paciente sobre a realização de higiene respiratória e etiqueta de tosse (uso de máscara cirúrgica sobre o nariz e a boca do paciente);
- Orientar que o paciente permaneça em área isolada até a consulta;
- Oferecer suprimentos para higiene respiratória e etiqueta de tosse, incluindo condições para higiene das mãos, máscaras e lenços de papel ou papel toalha descartáveis;
- Explicar aos pacientes sobre a importância da higiene frequente das mãos com água e sabonete líquido (40‐60 segundos) ou álcool a 70% (20 segundos), sempre que houver contato com secreção respiratória;
- Orientar pacientes e profissionais de saúde para evitarem tocar olhos, nariz e boca com as mãos;
- Realizar limpeza e desinfecção de objetos e superfícies tocados com frequência por pacientes e equipes;
- Lembrar aos profissionais de saúde de evitar tocar superfícies próximas ao paciente (mobiliário e equipamentos para a saúde) com luvas ou outros EPIs contaminados ou com as mãos sem higienização;
- Não circular pelo serviço de saúde utilizando EPIs, que devem ser imediatamente removidos antes da saída do quarto, enfermaria ou área de isolamento;
- Se o profissional sair de uma área para outra, em sequência, não há necessidade de trocar óculos/protetor facial, máscara e gorro, somente avental e luvas, assim como higienizar as mãos.
DURANTE A ASSISTÊNCIA À SAÚDE
- Em procedimentos, que podem gerar aerossóis, obrigatoriamente, usar máscara de proteção respiratória (respirador particulado) com eficácia mínima na filtração de 95% de partículas de até 0,3μ (tipo N95 e outras);
- Utilizar precauções‐padrão para todos os pacientes, ou seja, agir como se todas as pessoas estivessem potencialmente infectadas;
- Em caso de procedimentos que gerem aerossóis (indução à tosse, intubação, extubação, aspiração traqueal, ressuscitação cardiopulmonar, ventilação manual antes da intubação, indução de escarro, coletas de amostras nasotraqueais), adotar precauções específicas;
- Esse tipo de procedimento deve ser realizado preferencialmente em unidade de isolamento respiratório com pressão negativa e filtro HEPA (High Efficiency Particulate Arrestance);
- Na ausência desse tipo de unidade e de filtro HEPA, deve‐se colocar o paciente em quarto com portas fechadas e janelas abertas e restringir o número de profissionais durante estes procedimentos.
ORIENTAÇÕES GERAIS SOBRE O USO DE EPIs
- Máscaras cirúrgicas devem ser usadas por pacientes com sintomas de infecção respiratória (febre, tosse, espirros, dificuldade para respirar) e por profissionais de saúde e profissionais de apoio que prestarem assistência a menos de um metro do caso suspeito ou confirmado. Máscaras N95 ou equivalente devem ser usadas apenas por profissionais de saúde que realizam procedimentos geradores de aerossóis;
- As luvas de procedimentos não cirúrgicos devem ser utilizadas em qualquer contato com o paciente ou seu entorno;
- Quando o procedimento a ser realizado no paciente exigir técnica asséptica, devem ser utilizadas luvas estéreis (cirúrgicas);
- Os óculos de proteção ou protetores faciais devem ser utilizados pelo profissional quando houver risco de exposição a respingos de sangue, secreções corporais e excreções;
- Esse tipo de EPI (óculos de proteção ou protetor facial) deve ser exclusivo de cada profissional, devendo ser, após o uso, limpo e desinfectado com álcool líquido a 70%, hipoclorito de sódio ou outro desinfetante recomendado pelo fabricante. Se estiver sujo, deve ser lavado com água e sabão/detergente, seco e somente após passar por desinfecção;
- O capote ou avental (gramatura mínima de 30g/m2) deve ser utilizado para evitar a contaminação da pele e roupa do profissional, sendo que seu uso deve ser avaliado pelo profissional a depender do quadro clínico do paciente;
- Esse tipo de EPI (capote ou avental) deve ter mangas longas, punho de malha ou elástico e abertura posterior. Deve ser removido e descartado após a realização de procedimentos e antes de sair do quarto do paciente ou da área de assistência;
- Deve‐se ter a máxima atenção quando da “desparamentação”, quando é feita a retirada de cada EPI;
- Após esse processo, deverá sempre ser feita a higiene das mãos, pois este é o momento de maior risco de auto‐contaminação;
- Os profissionais da saúde devem realizar higiene de mãos, de acordo com os cinco passos marcantes preconizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS):
1) antes do contato com o paciente,
2) antes da realização do procedimento asséptico;
3) após risco de exposição a fluídos corporais;
4) após contato com o paciente;
5) após contato com áreas próximas ao paciente.
Fonte: CFM