Definição e condução do parto: normal e anormal

Definição e condução do parto: normal e anormal

Por Dr. Carlos Antonio Barbosa Montenegro – Estudo recente sinalou que o diagnóstico de parada do parto foi responsável pela maior causa de cesárea primária (34%). (1)


Primeiro período


O primeiro período do parto tem uma fase latente significativamente mais extensa do que previamente assentado, especialmente em primíparas, obesas e no parto induzido.


A transição da fase latente para a fase ativa do parto não ocorre até a dilatação cervical atingir 6 cm, em todas as pacientes.


A parada do primeiro estágio do parto é diagnosticada quando, na presença da dilatação cervical ≥ 6 cm e membranas rotas, não ocorre alteração no colo com 4 horas de contratilidade adequada ou 6 horas de dinâmica inadequada.


A indução do parto não exitosa é diagnosticada, após o amadurecimento do colo, pela falência de gerar contrações regulares e alteração cervical, após 24 horas de ocitocina e ruptura das membranas.


O profissional de saúde deve ter conhecimento da progressão anormal do primeiro período do parto e utilizar ocitocina e/ou amniotomia para aumentar a probabilidade do parto vaginal.


Segundo período


A conduta no segundo período do parto é comumente baseada na sua duração, de tal sorte que, quando ela excede um limite específico de tempo, “segundo período prolongado”, são oferecidos às mulheres aconselhamento e possível intervenção, incluindo a operatória vaginal ou a cesárea. (2)


A duração do segundo período do parto é definida pelo tempo decorrido entre a completa dilatação do colo e a expulsão do feto.


O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG, 2003) (3) estabelece que a duração média do segundo período em primíparas e multíparas é de, respectivamente, 54 e 19 minutos, e anota que o uso de analgesia peridural aumenta essa média em cerca de 25 minutos.


De acordo com o ACOG (2003) (3), um segundo período do parto prolongado é definido em primíparas quando ultrapassa mais de 2 horas sem peridural ou mais de 3 horas com peridural, e 1 hora sem peridural ou 2 horas com peridural em multíparas.


Convencionalmente, as grávidas nos Estados Unidos têm sido orientadas a iniciar os puxos imediatamente após a dilatação completa em um esforço de reduzir a duração do segundo período (2). Entretanto, o puxo tardio, após a descida “passiva” da cabeça fetal, pode maximizar o esforço expulsivo e pode ser uma opção razoável de conduta.


Duas horas de puxo para multíparas e 3 horas para primíparas podem ser permitidas (se a avaliação materna/fetal continuar normal) antes que o diagnóstico da parada do parto no segundo período seja definido.


O segundo período do parto prolongado afeta 5%-10% de todos os partos. (4) Embora relativamente raras, ele está associado a complicações maternas e fetais. Assim, em primíparas sob a ação da anestesia peridural, estão elevadas as taxas de hemorragia pós-parto, lacerações perineais de 3º ou de 4º grau (esfincter anal), índice de Apgar do 5º minuto ≤ 7 e pH da artéria umbilical < 7,1.


Concluindo, por certo há evidências de que a extensão do segundo período do parto, além do estabelecido pelas diretrizes vigentes, aumenta o risco de complicações, e a sua prática para evitar a elevação da cota de cesárea parece não ser razoável (4)


Referências bibliográficas


  1. Rhoades JS, Cahill AG. Defining and managing normal and abnormal first stage of labor. Obstet Gynecol Clin N Am 2017; 44: 535.
  2. Cheng YW, Caughey AB. Defining and managing normal and abnormal second stage of labor. Obstet Gynecol Clin N Am 2017; 44: 547.
  3. American College of Obstetricians and Gynecologists. Dystocia and augmentation of labor. ACOG Practice Bulletin Nº 49. Obstet Gynecol 2003; 102: 1445.
  4. Cohen SM, Lipschuetz M, Yagel S. Is a prolonged second stage of labor too long? Ultrasound Obstet Gynecol 2017; 50: 423.

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