Desordem psicogênica após vacinação em massa

Desordem psicogênica após vacinação em massa

Por Dra. Isabella Ballalai – São inúmeros os relatos na literatura de reação psicogênica em massa durante campanhas de vacinação voltadas para adolescentes, caracterizada pela ocorrência de reações físicas, geralmente semelhantes, em indivíduos vacinados. Esses fenômenos, conhecidos como doença psicogênica em massa, são definidos como a ocorrência coletiva de uma constelação de sintomas sugestivos de doença orgânica, mas sem uma causa identificada em um grupo de pessoas com crenças compartilhadas sobre a causa dos sintomas (1).


Uma revisão da literatura mostra que essa reação em massa é observada em diferentes configurações culturais e ambientais, incluindo local de trabalho, transportes públicos, escolas ou ambientes militares, e com diferentes vacinas, como tetânica, influenza, febre amarela e HPV, entre outras (1). São extremamente difíceis de ser controladas e rapidamente amplificadas pela divulgação na imprensa e mídias sociais.


A gestão de tais eventos em massa pode ser extremamente difícil e deve incluir o acolhimento e a investigação criteriosa dos casos, de forma que fique clara a não relação causal com as vacinas, uma vez que o público tende a não ser convencido facilmente de que a vacina não teria sido a causa dessas ocorrências (1).


É relativamente fácil fazer o diagnóstico da reação psicogênica em massa. Relato de Jung Ho Ryu e Jong Sam Baik de casos de reações em massa após campanha de vacinação contra influenza demonstra o quanto há em comum, por exemplo, com o observado em campanhas de vacinação contra o HPV (2). Os sintomas iniciaram-se subitamente e o relato de fraqueza flutuante após a aplicação da vacina foi muito comum. Curiosamente, foi exibida alteração da marcha, com intervalos de tempo alterando de várias horas a 21 dias após a vacinação na escola. Cerca de 90% relatavam queixas neurológicas, incluindo dor de cabeça, cansaço, dormência, fraqueza etc. Todos responderam bem ao tratamento e recuperaram completamente com o encorajamento psicológico.


Conclusão


A vacinação de adolescentes é importante tanto para a prevenção de doenças infecciosas de impacto nesse grupo como para a proteção coletiva, e é hoje uma prioridade em saúde pública. Atingir coberturas vacinais nessa faixa etária é um desafio em todo o mundo e exige reflexão e pesquisa sobre estratégias que possam permitir a superação dos desafios e o alcance de melhores resultados. A estratégia apontada como a mais eficiente é a de facilitar o acesso a esse recurso por meio de programas de vacinação escolar.


Referências


  1. Clements CJ. Mass Psychogenic Illness After Vaccination. Drug Safety 2003; 26 (9).
  2. Jung Ho Ryu, Jong Sam Baik. Psychogenic Gait Disorders after Mass School Vaccination of Influenza A. Journal of Movement Disorders 2010; 3(1): 15-17. DOI: https://doi.org/10.14802/jmd.10004.

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