Disfunção Erétil | Um Olhar Contemporâneo

Disfunção Erétil | Um Olhar Contemporâneo

Por Dr. João Antonio Pereira Correia – A disfunção erétil é definida como a “incapacidade do homem desenvolver ou manter uma ereção rígida o suficiente para o ato sexual”. (1) Dados epidemiológicos mundiais sugerem que, aproximadamente, 30% dos homens entre 40 e 50 anos de idade apresentam algum grau de disfunção e, a partir da 7a década de vida, os valores de prevalência da doen­ça podem alcançar até 70% dos homens. (2,3) Tal condição merece atenção médica pois, de acordo com a Organização Mundial de Saú­de (OMS), a satisfação com a vida sexual é um dos alicerces que compreende a definição de “saú­de”. (4)


Causas


Os portadores de disfunção erétil classicamente eram divididos em dois grandes grupos: aqueles com causa psicológica e outros com causa orgânica. Atualmente, contudo, entende-se que o paciente com queixa sexual geralmente possui ambos os componentes, em graus diferentes. (5)


No campo psicogênico figuram algumas alterações, como ansiedade em relação ao desempenho, depressão, questões religiosas, falta de interesse pela(o) parceira(o) e fantasia sexual desconfortável. Já na ­área orgânica, alterações vascula­res aterogênicas, farmacológicas, hormonais e neurológicas periféricas normalmente estão relacionadas com a etiologia. Diabetes melito, hipercolesterolemia, hipogonadismo, hipotireoidismo, uso de diuréticos e medicamentos betabloqueadores são exemplos de condições relacionadas à causa orgânica. (5)


Diagnóstico


A primeira etapa do diagnóstico é ba­sea­da em anam­ne­se dirigida e criteriosa. Questões como presença de ereções noturnas/matinais, rigidez peniana durante a masturbação comparada à relação sexual e desempenho erétil com parceiras(os) diferentes (se existirem) ajudam na definição de fatores psicogênicos/orgânicos na etiologia da doen­ça. Exames séricos que avaliam as condições hormonais e metabólicas também devem ser rea­li­zados. (6)


Com o desenvolvimento e popularização de drogas que facilitam o processo de ereção, o “teste terapêutico” também faz parte da etapa diagnóstica da disfunção erétil. O paciente é orientado a utilizar a medicação no perío­do que antecede a relação sexual para observar seu desempenho. Caso presente, a ereção fármaco induzida sugere causa psicogênica. (6)


Apesar de pouco indicado atualmente, situações mais específicas podem exigir o exame sonográfico peniano, associado a dopplerfluxometria e teste de ereção fármaco induzida, para avaliação do fluxo sanguí­neo nos corpos cavernosos. (6)


Tratamento


Caso constatado predomínio de fator psicogênico, a utilização de drogas inibidoras da enzima fosfodiesterase-5, como sildenafila, udenafila, vardenafila e tadalafia devem ser utilizadas. A associação com psicoterapia também contribui para resultados melhores e mais definitivos.


Em casos mais complexos, em que o fator orgânico se mostra preponderante, a utilização de prótese peniana – do tipo semirrígida ou inflável – costuma ser o procedimento padrão-ouro.


Sexo e terceira idade


É importante esclarecer que envelhecer não significa tornar-se assexuado, porém mitos e tabus socioculturais acerca da sexualidade na terceira idade inibem os idosos de exercer a sua vida de forma integral, uma vez que as alterações fisiológicas do envelhecimento, preceitos religiosos, opressões familiares e aspectos in­di­viduais fortalecem esse estigma social. (7)


Como já mencionado anteriormente, a disfunção erétil acomete com mais fre­quência homens na terceira idade, mas isso não significa que o in­di­ví­duo deva se “conformar” com essa condição se o desejo de manter uma vida sexual ativa existir. Como profissionais de saú­de temos o dever de não julgar ou rotular in­di­ví­duos nessa condição. Pelo contrário, devemos oferecer tratamento para os que necessitam.


Referências bibliográficas


  1. McDougal WS, Wein AJ, Kavoussi LR, Partin AW, Peters CA. Erectile Dysfunction. In: Wein AJ, Kavoussi LR, Partin AW, Peters CA, editors. Campbell-Walsh Urology. 11. ed. Philadelphia: Elsevier; 2015.
  2. Kubin M, Wagner G, Fugl-Meyer AR. Epidemiology of erectile dysfunction. Int J Impot Res. 2003;15(1):63-71.
  3. Paranhos M, Antunes A, Andrade E, Freire G, Srougi M. The prevalence of erectile dysfunction among Brazilian men screened for prostate cancer. BJU Int. 2009;104(8):1130-3.
  4. World Health Organization, Department of Mental Health. The World Health Organization Quality of Life [Internet]. Genebra: WHO; 2012 [Acesso em 1 jul. 2017]. Disponível em: https://www.who.int/mental_health/publications/whoqol/en/
  5. Rosen RC, Wing R, Schneider S, Gendrano N 3rd. Epidemiology of erectile dysfunction: the role of medical comorbidities and lifestyle factors. Urol Clin North Am. 2005;32(4):403-17.
  6. National Health Service. Erectile Dysfunction: Diagnosis. 2015 [Acesso em 1 jul. 2017]. Disponível em: http://www.nhs.uk/Conditions/Erectile-dysfunction/Pages/Diagnosis.aspx
  7. Uchôa YS, Costa DCA, Silva Junior IAP, Saldanha ST, Silva E, Freitas WMTM, Silva Soares SC. A sexualidade sob o olhar da pessoa idosa. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2016;19(6):939-49.

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