Farmacodermia: um paciente, vários tipos de reação à droga
- 28 de mai de 2018
Por Dra. Valeria Petri – Paciente do sexo masculino, 36 anos, prurido intenso, generalizado, há 24 horas. Ao exame clínico apresentou eritema e placas edematosas, mais evidentes no tronco e membros superiores. O quadro se modificou nos dias seguintes, com o surgimento de lesão eritemato-violácea na palma direita. Sudorese profusa.
Histórico: tratamento de enxaqueca com dipirona.
Hipóteses diagnósticas: farmacodermia, urticária sudoral, urticária medicamentosa, eritema pigmentar fixo (palmar).
Evolução: melhora com administração de cloridrato de fexofenadina 180 mg e prednisona (V.O., 40 mg no primeiro dia e redução progressiva nos cinco dias seguintes).
Comentários
A farmacodermia é a reação cutânea adversa a drogas que ocorre normalmente com doses indicadas para fins profiláticos, diagnósticos ou terapêuticos. Tem início em minutos, horas ou meses após a administração do produto, e surge com frequência sob a forma de reações inespecíficas. São comuns as reações urticarianas, exantema, eritema pigmentar fixo, entre outras.
A urticária aguda caracteriza-se por lesões eritemato-edematosas papulares ou em placas (pápulas confluentes) de variados tamanhos, circundadas por eritema reflexo, formatos anular e/ou serpiginoso. As lesões são pruriginosas, migratórias e transitórias (duram, em geral, até 24 horas).
O quadro histopatológico consiste em edema da derme superficial e média, com vênulas dilatadas e infiltrado inflamatório perivascular de linfócitos, neutrófilos, eosinófilos e macrófagos. O eritema pigmentar fixo expressa-se com lesão eritemato-violácea, arredondada ou oval circundada por halo eritematoso, às vezes com vesículas e/ou bolhas. As lesões podem ser únicas ou múltiplas e regridem com hipercromia de duração variável.
Uma das medicações que causa farmacodermia com maior frequência é a dipirona. O tratamento consiste na suspensão do(s) fármaco(s) suspeito(s) e, em alguns casos, administração de anti-histamínicos e corticosteroides.
No caso apresentado, o mesmo paciente apresentou formas distintas de reação à dipirona.
Farmacodermia eritema extenso fugaz
Farmacodermia eritema pigmentar fixo
Farmacodermia pápula urticariana
Referências bibliográficas