Hipertensão e diabetes na gravidez

Hipertensão e diabetes na gravidez

Por Dr. Carlos Antonio Barbosa Montenegro – A hipertensão crônica acomete cerca de 20-60% dos diabéticos, dependendo da incidência dos mais diversos fatores (American Diabetes Association [ADA, 2003]). No tipo 1 está associada à nefropatia e no tipo 2 à síndrome metabólica.


Recomendações


As recomendações para o controle da hipertensão na gestante com diabetes devem ser similares àquelas de todas as mulheres grávidas (De Boer et al., 2017; ADA, 2018). O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG, 2013) refere que a gestante com hipertensão leve/moderada (< 160/110 mmHg) não necessite de tratamento, pois não há benefício claramente identificado com relação aos riscos potenciais do tratamento. Nesse contexto, a revisão sistemática Cochrane (2014) sobre a terapia anti-hipertensiva na hipertensão crônica leve/moderada em gestantes sinala que não houve nenhuma evidência significativa de redução de pré-eclâmpsia, parto pré-termo, recém-nascido pequeno para a idade gestacional (PIG) ou morte fetal.


Para as mulheres grávidas que necessitam de tratamento anti-hipertensivo, os níveis tensionais de 120-160/80-105 mmHg devem ser seguidos para otimizar os benefícios maternos sem dano fetal. Níveis mais baixos (110-119/65-79 mmHg) podem contribuir para melhorar a saúde materna em longo prazo, entretanto podem estar associados ao comprometimento no crescimento fetal. Todavia, em grávidas com hipertensão e evidência de acometimento cardiovascular/renal em órgãos-alvo podem ser considerados níveis pressóricos mais baixos para evitar a progressão dessas lesões na gravidez.


Durante a gestação, o tratamento com inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA) e os bloqueadores do receptor de angiotensina (BRA) estão contraindicados, pois são teratogênicos. Drogas anti-hipertensivas indicadas na gravidez são a metildopa e o nifedipino, enquanto a hidralazina está reservada para o controle da crise hipertensiva e da pré-eclâmpsia grave. Diuréticos, regra geral, também não são recomendados para controlar a pressão arterial.


O ACOG (2013) também recomenda que no pós-parto pacientes com hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia e pré-eclâmpsia superajuntada tenham sua pressão observada por 72 horas no hospital e por 7-10 dias em casa. O seguimento a longo prazo é indicado para essas pacientes, pois apresentam risco acentuado cardiovascular.


A propósito, o tratamento com estatinas estaria contraindicado na gravidez (ADA, 2018).


Bibliografia


American Diabetes Association. Treatment of hypertension in adults with diabetes. Diabetes Care 2003; 26 (Suppl.1): S80-S82.


De Boer IH, Bangalore S, Benetos A et al. Diabetes and hypertension: a position statement by the American Diabetes Association. Diabetes Care 2017;40:1273-1284.


American Diabetes Association. 9. Cardiovascular disease and risk management: standards of medical care in diabetes – 2018. Diabetes Care 2018;41 (Suppl. 1):S86-S104.


American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG). Executive summary: hypertension in pregnancy. Obstet Gynecol 2013;122:1122-1131.


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