Medicamentos para controle do colesterol no tratamento da COVID-19
- 8 de set de 2020
As estatinas, indicadas para pacientes com colesterol elevado, doença cardiovascular, diabetes ou doenças renais, entre outras comorbidades, são uma opção para o tratamento complementar da COVID-19, uma vez que essas substâncias atuam protegendo a parede vascular e modulam a inflamação, o que reduz o risco de trombose.
Os infectados pelo novo coronavírus apresentam inflamação das células que revestem os vasos sanguíneos, e os benefícios das estatinas consistem justamente nos seus efeitos imunomoduladores e anti-inflamatórios e na sua capacidade de melhorar a função vascular do corpo. Além disso, o uso combinado de estatinas e de medicamentos normalmente prescritos para controle da pressão arterial não aumenta o risco de mortalidade em pacientes com COVID-19 ou hipertensão, como já comprovado cientificamente.
Um estudo retrospectivo feito na China, com 13.981 indivíduos infectados pelo novo coronavírus, demonstrou que, na fase hospitalar, a terapêutica com estatinas esteve associada a menor risco de morte por todas as causas.
Dar sequência ou não à prescrição de medicamentos de uso contínuo a pacientes com COVID-19 ainda é uma preocupação. Porém, no caso de fármacos para controle de colesterol, a rotina deve continuar. Os pacientes que já fazem uso de estatinas para proteção cardiovascular devem ser orientados a mantê-lo, porque, além de não trazer malefícios, esse tratamento pode ser benéfico.
Sedentarismo e pandemia
O sedentarismo, um dos “efeitos colaterais” da pandemia, tende a aumentar os níveis de triglicerídeos e reduzir o chamado bom colesterol. A ingestão de alimentos ricos em gorduras saturadas, por sua vez, pode aumentar os níveis de colesterol ruim, o LDL. Por isso, é altamente recomendável que, neste momento, os pacientes mantenham os exercícios físicos, mesmo em casa, com modalidades que se adéquem ao menor espaço, de preferência supervisionados ou orientados online por um profissional.
Algumas recomendações alimentares simples podem fazer muita diferença para a saúde da população. A quarentena tem aumentado o consumo de alimentos pouco saudáveis e, por isso mesmo, o paciente deve ser orientado a dar preferência ao consumo de produtos de origem vegetal, in natura ou minimamente processados. Também é indicada a alimentação variada – grãos, raízes, tubérculos, farinhas, legumes, verduras, frutas, castanhas, leite, ovos, carne bovina, frango, peixe, feijão, arroz etc. –, evitando o excesso de óleos, gorduras, sal e açúcar.
Prevenir é melhor que remediar
Dicas simples como essas, que ajudam a enfrentar momentos de crise com saúde e alegria, fizeram parte de uma campanha de alerta da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), motivada pelo Dia Nacional de Controle do Colesterol Elevado, fator de risco cardiovascular que acomete 40% da população adulta e impacta também os infectados pelo novo coronavírus.
Grande parte das pessoas desse grupo não controla o colesterol e tem risco elevado de sofrer infarto ou acidente vascular cerebral. Os números impressionam: cerca de 400 mil pessoas morrem todos os anos no Brasil por doenças cardiovasculares, principal causa de óbitos no país.
O Estudo Epidemiológico de Informações da Comunidade (Projeto EPICO) da Socesp constatou que apenas 16% das pessoas apresentavam valores de controle do colesterol de acordo com as metas determinadas pela Diretriz Brasileira de Dislipidemia e Prevenção da Aterosclerose. Segundo o levantamento, o colesterol foi o fator de risco cardiovascular menos controlado pela população: 0% tinha os três fatores de risco controlados – colesterol, hipertensão e diabetes. O estudo coletou dados de mais de 9 mil homens e mulheres em unidades básicas de saúde de 32 cidades paulistas.