Mesentério: ser ou não ser um órgão
- 10 de jan de 2017
Quais são as repercussões da nova designação do mesentério?
O artigo dos Drs. J Calvin Coffey e D Peter O’Leary, publicado recentemente no The Lancet Gastroenterol Hepatol) é, na verdade, uma revisão baseada no PubMed e Ovid dos artigos publicados entre 1º de janeiro de 1958 a 1º de agosto de 2016 sobre o mesentério. Os autores prepararam um resumo dos achados científicos e fizeram várias inferências a partir desses dados.
Embora uma das descrições mais antigas do mesentério tenha sido feita por Leonardo da Vinci, ainda há muito a ser descoberto em termos anatômicos, histológicos e fisiológicos. A contiguidade mesentérica, peritoneal e fascial foi confirmada pelo Visible Human Project. Pouco se sabe sobre os elementos histológicos (mesotélio, tecido conjuntivo e adipócitos) que o constituem.
Há conjeturas sobre a participação do mesentério na regulação imune da mucosa, mas é crucial que haja pesquisa adicional, visto que a identificação de mecanismos de feedback de base mesentérica tem sido esporádica e muitos dos achados foram em animais.
O mesotélio do mesentério é um nicho de células-tronco pouco investigado até o momento. A compreensão do componente enteromesentérico do sistema nervoso periférico (SNP) também é mínima. Nenhum estudo caracterizou plenamente o componente mesentérico do SNP nos adultos, sendo esta mais uma área a ser pesquisada.
A visualização endoscópica pode ser usada para o mapeamento do mesentério e poderia viabilizar a biopsia transintestinal de modo semelhante à biopsia transretal da próstata.
Em virtude da grande dificuldade de acesso ao mesentério, a única maneira de modificá-lo é a cirurgia. Já é reconhecida a importância de retirá-lo durante a ressecção intestinal.
Em suma, há muito a ser investigado.
Referência bibliográfica
Caffey JC, O’Leary DP. Lancet Gastroenterol Hepatol. 2016; 1:238-47.