Microbiota intestinal de bebês indica riscos de desenvolvimento de obesidade infantil

Microbiota intestinal de bebês indica riscos de desenvolvimento de obesidade infantil

A obesidade infantil é um problema crescente no mundo e, por ser considerada uma epidemia, objetivo de grandes investimentos em pesquisas. Um estudo publicado recentemente pela American Society for Microbiology acrescenta uma novidade ao tema: a comprovação da influência da microbiota intestinal no ganho de peso em crianças e seu papel na transmissão da tendência à obesidade de pais para filhos. Os pesquisadores descobriram que, aos 2 anos de idade, a microbiota tem uma forte ligação com o índice de massa corporal (IMC) e pode facilitar a avaliação de risco e a prevenção do sobrepeso.


Os esforços para prevenir a obesidade infantil têm se concentrado no estilo de vida, como a má alimentação e a falta de exercícios físicos. Contudo, pesquisadores afirmam que o conhecimento das causas fisiológicas da obesidade e a forma de controlá-la na infância ainda são incompletos. Há algumas décadas, ganhou força a ideia de que a microbiota intestinal influi no sobrepeso; portanto, passou-se a buscar evidências científicas.


A microbiota de bebês aos 4 meses começa a apontar uma probabilidade significativa de riscos de obesidade aos 12 anos. Essa associação ganha força conforme a idade avança, chegando a 53%, mais da metade, em bebês de 2 anos. Esse percentual é superior ao de qualquer outro indicador de obesidade infantil, como parto, tempo de amamentação, exposição a antibióticos, nascimento prematuro e outros fatores maternos (sobrepeso pré-gravidez, tabagismo durante a gestação, educação etc.).


Assim, um caminho para prevenir a obesidade seria a identificação precoce de indivíduos com alto risco de desenvolvê-la, e a pesquisa sugere que a microbiota na primeira infância pode ser um importante fator para apontar o risco de obesidade. Intervenções na alimentação podem ser adotadas antes de as crianças começarem a ganhar peso.


Acompanhe o estudo completo:


https://mbio.asm.org/content/9/5/e01751-18#sec-2


Microbiota e sua importância na saúde


O corpo humano é colonizado por milhões de microrganismos, que, juntos, podem chegar a dois quilos, o peso aproximado do cérebro. Tratam-se de bactérias que, em sua maioria, hospedam-se no intestino e exercem funções similares a de um órgão responsável por 70% de todo o sistema imunológico de uma pessoa. A função protetora decorre do deslocamento de patógenos, da competição por nutrientes e receptores e da produção de fatores antimicrobianos.


Além disso, a microbiota também é associada a funções metabólicas, como a síntese de vitaminas, biotina e folato, bem como a fermentação de resíduos alimentares não digeridos.


Quando há desequilíbrio da microbiota, o corpo permite uma maior atuação e proliferação de bactérias causadoras de doenças. Esse desequilíbrio, chamado de disbiose, pode ser causado por má alimentação (rica em gorduras saturadas e açúcares refinados), ingestão de álcool, fumo, infecções bacterianas, envelhecimento, medicamentos e, até mesmo, estresse e fadiga. Por isso, o grupo de risco para disbiose são os portadores de doenças crônicas (como diabetes, hipertensão e câncer), idosos, crianças e atletas de alta performance.


Ao contrário do que muita gente ainda acredita, o desequilíbrio na microbiota não está relacionado apenas a desconforto intestinal. São inúmeros os sinais e sintomas causados pela disbiose, como alergias, rinites, infecções de vias aéreas, halitose, alterações de humor, insônia, enxaqueca, asma, eczema, dermatite atópica, psoríase, urticária, doença coronariana, fibromialgia, doenças articulares, diabetes, cólicas e também obesidade, tema da pesquisa inédita da American Society for Microbiology.

Compartilhe: