Outubro ROSA | O Mês do Câncer de Mama

Outubro ROSA | O Mês do Câncer de Mama

Por Dra. Ruth Clapauch – No mês de outubro, as mulheres são bombardeadas por alertas da mídia para que se previnam do câncer de mama. Algumas precisam mesmo desse bombardeio, pois se “esquecem” de fazer seus exames periódicos, negam, se desligam, fingem que não é com elas… Outras se apavoram, seja por terem presenciado casos na família ou por medos infundados, sem aumento real do risco. Para estas, os alertas sobressaltam ainda mais. Cuidado! Palavras e exames desnecessários, radiação extra, criam sobrecarga emocional a essas pessoas e sobrecarga financeira aos serviços de saúde. Vamos aos fatos?


  • A mama é o local mais comum de câncer em mulheres (30% dos novos casos de câncer), tanto em nível mundial quanto no Brasil. Apesar disso, a mortalidade é muito inferior à de doenças cardiovasculares.
  • A sobrevida ao câncer de mama tem aumentado cada vez mais. Nos países desenvolvidos, o percentual de mulheres vivas após 5 anos do diagnóstico é de 85%, enquanto no Brasil é de 60%. A sobrevida está intimamente relacionada com o tipo de célula tumoral e com o estágio de detecção da doença – este último é bem diferente nos dois cenários.
  • O câncer de mama é dividido em estágios de 0 a 4. No estágio 0, as células cancerosas ainda estão contidas nos ductos, por isso é quase sempre curável; no estágio 1, o tumor tem menos de 2 cm e não acometeu gânglios na axila. O exame físico da mama – pela paciente (autoexame) ou pelo médico – é capaz de detectar somente lesões a partir de 1 cm. Daí a importância da mamografia para visualizar as lesões menores.
  • No estágio 3, o nódulo pode alcançar estruturas vizinhas, como músculo e pele, assim como gânglios linfáticos. No estágio 4, o câncer já se espalhou pelo corpo, com metástases a distância e, geralmente, comprometimento ganglionar. No Brasil, 60 a 70% dos casos são diagnosticados em estágio 3 ou 4.
  • Quanto à agressividade, existem basicamente 4 subtipos moleculares do câncer de mama: luminal (menos agressivo); de células epiteliais basais (mais agressivo); HER2; ou de um subgrupo de genes envolvidos em junções e adesões celulares (agressividade intermediária).

Qual mulher está sob risco?


Os maiores fatores de risco (RR > 4) são: idade em torno de 70 anos; ser portadora de BRCA 1 ou 2; apresentar biopsia de mama com atipias ou ter recebido radiação em alta dose no tórax (especialmente entre os 10 e 30 anos).


Cabe ressaltar que, mesmo estando na faixa etária de maior risco, em valores percentuais, 3,7 % das mulheres de 70 anos terão câncer de mama. Observe que mais que 96% das mulheres de 70 anos não terão.


Ter parentes de primeiro grau (mãe, filha e/ou irmã) que tiveram câncer de mama antes dos 50 anos confere RR de 3,3 (1 parente) a 3,6 (se forem 2 parentes).


No entanto, quando o caso de câncer de mama ocorreu em membro familiar após os 50 anos, o RR é entre 1 e 2, no caso de 1 parente. Na mesma faixa estão outros fatores de risco considerados menores, tais como: não ter tido filhos ou ter tido o primeiro filho após os 35 anos; nunca ter amamentado; ter menstruado pela primeira vez antes dos 12 anos; beber mais que uma dose (20 g) de álcool por dia ou ser sedentária. Fazer reposição hormonal contendo progestógeno não derivado direto da progesterona por mais de 5 anos tem associação a RR de 1,26 para diagnóstico de câncer de mama (em números absolutos, 2 casos a mais em 1.000 mulheres), mas não foi descrito aumento da mortalidade, seja em virtude do diagnóstico precoce ou porque os tumores tenham receptores hormonais positivos e, portanto, melhor prognóstico.


A obesidade aumenta o risco de câncer de mama (RR = 2), situando-se no limite superior dos fatores menores enumerados anteriormente. É curioso observar mulheres evitando reposição hormonal, preocupadas com o risco de câncer de mama, mas que, ao mesmo tempo, são obesas, sedentárias e usuárias regulares de álcool (ou com todos esses fatores modificáveis associados).


Na página do National Cancer Institute americano existe um questionário capaz de calcular o risco de câncer de mama específico de cada mulher: https://www.cancer.gov/bcrisktool/. Por falar em riscos, as doenças do coração matam muito mais mulheres do que o câncer de mama. O gráfico do Ministério da Saúde Brasileiro (2009) mostra os números absolutos de mortes femininas de cada uma dessas doenças.



Em 11 de outubro aconteceu o dia mundial de combate à obesidade, que é fator de risco tanto para câncer de mama quanto para as doenças cardiovasculares. Vamos cuidar da saúde global da mulher?


Bibliografia


American Cancer Society (ACS). Breast cancer Screening Guidelines. Disponível em: http://www.cancer.org/healthy/informationforhealthcareprofessionals/acsguidelines/breastcancerscreeningguidelines/index. Acesso em:13 de outubro de 2016


Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Rio de Janeiro, INCA. Disponível em: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/mama/cancer_mama. Acesso em: 13 de outubro de 2016


World Health Organization (WHO) Breast cancer prevention and control. Disponível em: http://www.who.int/cancer/detection/breastcancer/en/#. Acesso em: 13 de outubro de 2016




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