Placenta Acreta | Sistema de Contagem de Probabilidade

Placenta Acreta | Sistema de Contagem de Probabilidade

A classificação da placenta acreta baseia-se na profundidade da invasão: placenta acreta vera adere ao miométrio; increta invade o miométrio; e percreta perfura o peritônio, alcançando, por vezes, órgãos vizinhos, como a bexiga e os paramétrios. A placenta acreta corresponde a 80% dos casos de acretismo; a increta, a 15%; e a percreta, a 5%.


Estudos maiores nos EUA têm revelado que a prevalência da placenta acreta é tão alta quanto 1 em 533 partos. A placenta acreta é responsável por expressiva mortalidade materna, que pode alcançar 6 a 7% – ou uma porcentagem ainda maior em países em desenvolvimento.


O fator de risco mais importante para o acretismo é a placenta prévia em mulheres já submetidas à cirurgia cesariana, risco que aumenta com a quantidade de procedimentos. A elevação do número de cesáreas aumenta a taxa de placenta prévia e, consequentemente, de placenta acreta.


Tanto a ultrassonografia quanto a ressonância magnética são altamente sensíveis e específicas para diagnosticar ou excluir a placenta acreta. A ultrassonografia é o procedimento de escolha pela praticidade e pelo baixo custo.


Sistema de contagem de probabilidade


Tovbin et al. (2016) utilizaram um sistema de contagem de probabilidade para a predição da placenta acreta. As imagens de ultrassonografia foram pontuadas de acordo com seis diferentes critérios: quantidade e tamanho das lacunas placentárias (área irregular de baixa ecogenicidade maior que 1 x 1 cm no parênquima da placenta); obliteração da interface hipoecoica entre a placenta e o útero; quantidade de cesáreas anteriores; localização da placenta; e avaliação pelo Doppler colorido da hipervascularização das interfaces placenta–bexiga e/ou placenta–útero.


Cada critério foi pontuado em 0, 1 ou, no máximo, 2 pontos, e a soma obtida dos critérios forneceu uma contagem final. Com base nesse sistema de contagem, a probabilidade para placenta acreta foi classificada em três grupos: baixa (≤ 5 pontos), moderada (6 a 7 pontos) ou alta (8 a 12 pontos).


Das pacientes com sistema de contagem de baixa probabilidade, apenas 0,9% (2 casos) teve placenta acreta; no grupo de moderada probabilidade, 29,4%; e no de alta probabilidade, 84,2%.


O critério sonográfico mais efetivo para a detecção de placenta acreta foi a combinação de dois parâmetros: a quantidade de lacunas placentárias e a obliteração da interface hipoecoica placenta–útero, que forneceu uma área sob a curva ROC de 0,94 (IC 95%, 0,86 a 1,00).


Para mulheres com placenta acreta categorizadas como de média ou alta probabilidade não hospitalizadas, está indicada a ultrassonografia a cada 2 a 3 semanas. O parto dessas pacientes deverá ser cirúrgico; aquelas com baixa probabilidade poderão ter o parto vaginal, desde que não haja outras indicações para a cesárea.


Referência bibliográfica


Tovbin J, Melcer Y, Shor S et al. Prediction of morbidly adherent placenta using a scoring system. Ultrasound Obstet Gynecol. 2016; 48(4):504-10.


 


 


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