Por que novembro se tornou azul?

Por que novembro se tornou azul?

Por Dr. João Antonio Pereira Correia – Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCa), o câncer de próstata corresponde à segunda causa de morte por tumor maligno no Brasil. Para este ano, são estimados mais de 60.000 casos novos e aproximadamente 14.000 mortes por esta doença. No atual cenário, o câncer de próstata levará a morte de 1 brasileiro a cada 38 minutos, em 2017 (1).


Sabemos que o tumor maligno da próstata pode ser considerado uma consequência natural do envelhecimento masculino. Uma revisão sistemática de estudos baseados em necropsia (2) identificou que 30% dos homens com 50 anos de idade apresentam foco de câncer de próstata insipiente. Aos 80 anos, este percentual aumenta para 80%.


Curiosamente, o comportamento da doença costuma ser indolente. O tempo médio para surgimento de metástases varia de 7 a 10 anos e o óbito pela doença costuma ocorrer entre 10 e 15 anos (3). Essa informação, quando confrontada com os dados de prevalência e mortalidade no Brasil, leva-nos a deduzir que a falta de consultas urológicas de rotina, visando o rastreamento precoce do câncer de próstata, é a provável razão para os óbitos ainda tão significativos em território nacional.


Assim, a Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que: “homens a partir de 50 anos devem procurar um profissional especializado para avaliação individualizada. Aqueles de etnia negra ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata devem começar aos 45 anos (4)”.


O rastreamento deverá ser realizado após ampla discussão de riscos e potenciais benefícios. Após 75 anos, deverá ser feito apenas naqueles com expectativa de vida acima de 10 anos. Pacientes com menos de 10 anos de expectativa tendem a falecer de outras causas, não relacionadas à doença neoplásica prostática (5-6).


Como ferramentas de diagnóstico precoce, o toque retal e a dosagem sérica do PSA total ainda permanecem como padrão-ouro na grande maioria dos consensos das principais sociedades científicas de Urologia.


Referências


  1. Instituto Nacional do Câncer. Câncer de Próstata. 2017. Disponível em: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/prostata.
  2. Bell K, Del Mar C, Wright G et al. Prevalence of incidental prostate cancer: A systematic review of autopsy studies. Int J Cancer. 2015 Oct 1; 137(7): 17491757.
  3. Stangelberger A, Waldert M, Djavan B. Prostate Cancer in Elderly Men. Rev Urol. 2008; 10(2): 111-119.

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