Pré-Eclâmpsia | Novos Conceitos

Pré-Eclâmpsia | Novos Conceitos

A pré-eclâmpsia (PE) pode ser considerada uma síndrome inflamatória com potencial para afetar múltiplos órgãos. Mantém-se no Brasil como causa importante de mortalidade materna e perinatal, embora o conhecimento sobre essa síndrome tenha avançado, e conceitos e definições estejam sendo reformulados. É preciso, portanto, considerar na prática clínica alguns aspectos atuais.


Hipertensão arterial


A PE ocorre em gestantes sem hipertensão arterial prévia, que apresentem pressão arterial sistólica ou diastólica ≥ 140 ou 90 mmH, respectivamente, confirmada em duas aferições com mais de 4 horas de intervalo, após 20 semanas de gestação. Deve ser levada em conta a técnica em relação ao manguito utilizado e à circunferência do braço.


Proteinúria


Proteinúria ≥ 300 mg em urina de 24 horas é indicativa de PE. Essa prática, no entanto, tem sido gradativamente abandonada por limitações técnicas. Deve-se considerar significativa a relação proteinúria/creatininúria (ambas em mg/dl), em amostra isolada de urina, ≥ 0,3. A detecção de 1+ ou mais em fita reagente proteinúria também é considerada.


Predição de PE


Não há evidências suficientes para recomendar qualquer tipo de rastreamento, seja biofísico (p. ex., Doppler) ou bioquímico (p. ex., sFlt/PlGF). O risco potencial não deve ir além da história clínica. São fatores de risco a presença de condições maternas isoladas ou associadas como idade ≥ 40 anos, primiparidade, obesidade, hipertensão crônica, diabetes melito e antecedente familiar ou pessoal de PE.


Prevenção de PE


Não existem evidências para recomendar restrição de sal na dieta, repouso ou uso de vitaminas C ou E para prevenir PE. O uso de ácido acetilsalicílico em baixas doses (100 mg/dia) promove uma redução discreta no risco de PE e deve ser reservado para grupos de risco. Pode ser administrado desde o início da gestação e mantido até o parto. Quanto ao cálcio, em populações com dieta pobre nesse mineral, deve-se recomendar maior aporte por meio da dieta ou suplementação diária com 500 a 1.000 mg/dia.


Urgências


O sulfato de magnésio deve ser considerado de forma liberal nos casos em que não seja possível descartar a ocorrência de eclâmpsia. Deve ser infundido antes do hipotensor de ação rápida, preferencialmente por esquema intravenoso exclusivo. Para pacientes que serão removidas, quando as condições de transporte não são ideais, o esquema intramuscular deve ser considerado.


Bibliografia


American College of Obstetricians and Gynecologists. Task force on Hypertension in Pregnancy. Practice Guideline. 2013.


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