Queda de Cabelo

Nos últimos anos, há um foco cada vez maior nos problemas relacionados à queda de cabelo. Quando participei, em 1996, de um estudo multicêntrico para avaliar a eficácia da finasterida 1 mg/dia no combate à calvície masculina, poucos dermatologistas se interessaram pelo tema. No entanto, nos últimos 10 anos, incentivado pelos avanços científicos e tecnológicos, esse cenário melhorou drasticamente.

A queda de cabelo é uma preocupação constante para todos os pacientes. Para as mulheres adultas, porém, traz também consequências como baixa autoestima, ansiedade e depressão bem mais altas do que em outras doenças dermatológicas.

Quantos fios podem cair em um dia? Quando devo me preocupar? Essas perguntas são difíceis, pois a quantidade de fios é relativa e pode variar de 40 a 100 fios/dia. O mais importante não é o número exato de fios que caem, mas se há um aumento perceptível em relação à quantidade anterior. O afinamento do fio, entretanto, é pior do que a queda, podendo significar um diagnóstico de calvície, principalmente quando esse afinamento ocorre na parte superior frontal do couro cabeludo.

Portanto, havendo percepção de muita queda de cabelo e/ou afinamento, é importante que um especialista investigue a causa.

Hoje, em virtude do maior conhecimento em relação ao funcionamento do folículo, bem como da genética e da fisiologia envolvidas com suas respostas, podemos agir de forma mais abrangente, por meio de exames de sangue que avaliem funções da tireoide e pesquisem anemia, fatores inflamatórios e distúrbios hormonais da suprarrenal ou do ovário. Também é interessante checar o nível de ferritina, vitamina D, vitamina B e zinco.

O exame local, com um programa de dermatoscopia chamado TrichoScan[®], ajuda na contagem dos fios em fase de crescimento e de repouso, bem como daqueles que afinam muito e são miniaturizados. Descamação, coceira, ardência e dor no couro cabeludo devem ser levadas em consideração na abordagem terapêutica. O tratamento específico da queda de cabelo sempre dependerá da causa envolvida. Muitas vezes, será necessário tratar alterações da tireoide ou do ovário policístico.

No meeting da American Academy of Dermatology, realizada no início de março, foram citados vários tratamentos para a queda de cabelo, sempre frisando a importância de conhecer a causa e de encarar a multiplicidade de fatores a ela relacionados.

O uso de vitaminas, fitoterápicos e aminoácidos é sempre interessante na composição desses tratamentos. Zinco, vitamina B12, biotina e cisteína são algumas das substâncias aplicáveis. A finasterida e o minoxidil continuam sendo boas escolhas para tratar a queda de cabelo.

O grande destaque foi o plasma rico em plaquetas, que consiste em retirar sangue do paciente e separar a fração rica em plaquetas para aplicá-la no couro cabeludo. Esse concentrado de plaquetas tem muitos fatores naturais capazes de estimular o crescimento do folículo piloso. Variantes desse procedimento são realizadas em nosso meio com boa perspectiva de melhora.