Sexualidade e disfunções sexuais

Sexualidade e disfunções sexuais

A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera a vida sexual como um dos principais itens de qualidade de vida. Fundamental para a reprodução da espécie e uma das principais fontes de prazer, a sexualidade foi alvo de inúmeros mitos e preconceitos ao longo da História. O Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais – DSM-5, elaborado pela Associação Americana de Psiquiatria, apresenta de maneira mais objetiva o que os especialistas devem considerar doença. Os capítulos sobre disfunções sexuais, disforias de gênero e transtornos parafílicos procuram orientar tais polêmicas. Entretanto, sabe-se que fatores sociais, biológicos e psicológicos podem influenciar no comportamento sexual de um paciente. Conflitos nos relacionamentos, padrões culturais, estresse no trabalho e problemas com a rotina dos filhos são exemplos de fatores sociais.


O bom funcionamento sexual depende também de fatores biológicos como inervação, vascularização, questões hormonais, neurotransmissores, presença de doenças como diabetes e uso de medicações como antidepressivos e anti-hipertensivos. Assim, a lista de variáveis biológicas é infindável: fibras colinérgicas, fibras alfa e beta-adrenérgicas, óxido nítrico, prostaglandinas, dopamina, serotonina, ocitocina, prolactina, angiotensina, 5-alfa redutase, fosfodiestarase-5 etc.


Fatores psicológicos como culpa, doenças emocionais, ansiedade de desempenho, fantasias sexuais e traumas infantis também são importantes. O tratamento adequado para cada paciente depende de tudo isso. Não basta ter o diagnóstico do problema sexual. É necessário conhecer o paciente como um todo. Tratar um indivíduo com hipotireoidismo, hipertensão arterial, disfunção erétil e depressão é diferente de cuidar de uma pessoa fóbica com disfunção erétil.


A escolha dos medicamentos deve levar tudo isso em conta. Os fármacos para hipertensão, por exemplo, podem interferir na sexualidade. Assim, para melhorar a vida sexual do paciente, o especialista deve levar em consideração todos esses fatores.


Disfunções


As sexualidades do homem e da mulher são muito diferentes. Por isso, é importante orientar os pacientes para que compreendam o funcionamento sexual do parceiro.


Homem


O homem só consegue completar o ato sexual se tiver ereção, tem um período de latência entre uma ereção e outra que aumenta com a idade e seu estímulo sexual é mais visual. Para que o homem consiga ter seu prazer erótico adequado, é importante ter desejo, boa ereção e atingir o orgasmo no tempo desejável. Já para ter filhos naturalmente, são necessárias ereção eficaz e ejaculação. A função sexual adequada nem sempre é possível, o que pode ser uma fonte de extrema angústia para o homem. Quanto mais angustiado, maior a chance de ter dificuldades de ereção e/ou ejaculação precoce. As principais disfunções sexuais masculinas são:


  • Disfunção erétil:  dificuldade de obter ou manter uma ereção que permita a penetração
  • Ejaculação precoce:  ejaculação que ocorre em menos de 1 minuto de penetração. Isso pode deixar a(o) parceira(o) frustrado. O ideal é ambos chegarem ao orgasmo, e o tempo de 1 minuto é relativo
  • Desejo sexual diminuído: ocorre quando o homem tem menos pensamentos sexuais, o que diminui a possibilidade de procurar um(a) parceiro(a)
  • Ejaculação retardada: é mais rara e acontece quando o homem leva um tempo excessivo para conseguir ejacular. Pode acontecer de não chegar ao orgasmo e à ejaculação
  • Ejaculação retrógrada: situação em que ocorre o orgasmo, mas a ejaculação é no sentido contrário: em vez de sair pela uretra, o esperma vai em sentido à bexiga.
  • Disfunção sexual induzida por substância/medicamento: alguns medicamentos podem acarretar várias das disfunções sexuais descritas anteriormente. É importante o especialista investigar todas as medicações que o paciente está ingerindo, para identificar se elas interferem na função sexual dele.

 Além das disfunções sexuais, o homem pode ter inúmeras fantasias. Muitas delas funcionam como um tempero para as relações sexuais, outras podem ser fonte de sofrimento e consideradas doenças, os chamados transtornos parafílicos. Tais casos são passíveis de tratamento, como ocorre com o sadismo não consensual.


 Mulher


A mulher consegue ter relação sexual mesmo sem estar excitada, pode ter orgasmos múltiplos e seu estímulo sexual é mais tátil e auditivo. Assim, a falta de desejo sexual feminino não é considerada uma doença pelas classificações modernas. Além disso, a maioria das mulheres não atinge o orgasmo só com a penetração, precisa de mais estímulos. Também diferente dos homens, para que a mulher consiga reproduzir, ela não precisa estar excitada nem ter orgasmo. As principais dificuldades sexuais da mulher são:


  • Transtorno do orgasmo feminino: dificuldade da mulher em chegar ao clímax. Na maioria das vezes, são necessárias boas preliminares para que o orgasmo aconteça, pois é mais difícil que ele ocorra só com a penetração
  • Transtorno do desejo e excitação feminina: dificuldade de lubrificação, ereção do clitóris e desejo
  • Transtorno da dor gênito-pélvica/penetração: muitas pacientes sentem dispareunia (dor genital na penetração) e podem ter vaginismo (contração da vagina que dificulta ou impede a penetração)
  • Disfunção sexual induzida por substância/medicamento: muitos fármacos podem acarretar as disfunções sexuais descritas anteriormente. Neste caso, recomenda-se ao especialista investigar os medicamentos administrados pela paciente. 

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