Traumatismos arteriais periféricos
- 18 de mai de 2018
Por Dr. Marco Tulio Baccarini Pires – O reparo imediato das lesões arteriais das extremidades melhora a recuperação funcional e reduz a mortalidade das vítimas de traumatismos. Neste sentido, o desenvolvimento de novas técnicas cirúrgicas, a utilização de material apropriado e o treinamento das equipes que prestam o primeiro atendimento de reanimação ao paciente portador de traumatismo arterial foram fatores que contribuíram para a diminuição dos índices de mortalidade e de complicações, tais como perda de membros, acidentes vasculares cerebrais e perda de função. Apesar disso, a morbimortalidade ainda é significativa.
As artérias mais frequentemente lesadas são a femoral superficial e a braquial. Os agentes causais são as armas de fogo e as brancas, seguidos por acidentes automobilísticos e lesões por esmagamento.
As lesões das artérias podem ser causadas por traumatismos penetrantes, não penetrantes e iatrogenia. As lesões penetrantes correspondem a 64 a 90% de todas as lesões vasculares. As lesões não penetrantes acompanham mais frequentemente as fraturas ósseas e, em 80 a 92% dos casos, são causadas por acidentes automobilísticos. São mais difíceis de diagnosticar e podem deixar graves sequelas.
Do ponto de vista prático, os principais tipos de lesões arteriais são: lesões puntiformes, secção parcial sem perda de substância, secção parcial com perda de substância, secção arterial total, fístulas arteriovenosas, pseudoaneurismas, aneurismas verdadeiros, espasmos arteriais com ou sem trombose, lesões da camada íntima e compressões extrínsecas.
Os principais sinais que sugerem a ocorrência de uma lesão arterial são:
- Sinais maiores: déficit circulatório na extremidade, sopro, hematoma pulsátil ou em expansão e sangramento arterial
- Sinais menores: hematoma pequeno ou moderado estável, lesão de nervo adjacente, choque não explicado por outras lesões e proximidade de ferimento penetrante de um trajeto vascular importante.
Nunca é demais relembrar que a ocorrência de pulsos distais não exclui lesão arterial.
Os exames complementares mais úteis são: Doppler vascular, duplex scan (ultrassonografia arterial associada ao Doppler vascular), radiografias simples, arteriografia e angiotomografia computadorizada.
Estabelecido o diagnóstico da lesão arterial, o tratamento cirúrgico deve ser instituído o mais rapidamente possível, pois o tempo máximo de isquemia tolerável, caso não exista circulação colateral, é de 6 horas.
As cirurgias, quando indicadas, deverão seguir rigorosamente os princípios gerais das cirurgias das artérias. As técnicas cirúrgicas de reconstrução mais utilizadas em traumatismos arteriais são: anastomose arterial terminoterminal, sutura simples da lesão, interposição de segmento de veia (enxerto), plastia com veia (patch), ligadura e tromboembolectomia.
As três complicações mais importantes associadas ao reparo arterial no trauma são: trombose, infecção e estenose.