Zika

Zika

O Zika vírus (ZIKV) é um arbovírus do gênero Flavivirus, da família Flaviviridae, como o vírus da dengue e o da chikungunya, cuja possível associação com a ocorrência de microcefalia não havia sido identificada anteriormente. A primeira evidência de infecção humana pelo ZIKV se remete ao ano de 1952, a partir de amostras de soro de nativos do Leste da África, na floresta Zika, em Uganda, motivo da denominação do vírus.


Sua transmissão ocorre pela picada do mosquito Aedes aegypti, principal vetor urbano; contudo, o vírus já foi identificado em urina, leite materno, saliva e sêmen. Geralmente, as manifestações clínicas da infecção pelo ZIKV são pobres/oligossintomáticas, e apenas 20% das infecções são sintomáticas. Entre as características da infecção sintomática, observa-se o exantema (maculopapular) no primeiro ou segundo dia, ausência de febre ou febre baixa (< 38,5o C) por 1 a 2 dias, mialgia leve, dor nas articulações de intensidade leve a moderada, edema articular leve, prurido e conjuntivite não purulenta. Fato preocupante nas infecções pelo ZIKV é o risco de microcefalia fetal e da síndrome de Guillain-Barré, o que confere uma possibilidade de tropismo do vírus pelo sistema nervoso central.


A síndrome ZIKV congênita é uma nova síndrome que engloba microcefalia, calcificações intracranianas, destruição do tálamo, bulbo e cerebelo, hidranencefalia, por vezes associados a artrogripose das pernas, mãos e coluna.


Os testes oferecidos à paciente para o diagnóstico da infecção por ZIKV dependem do tempo decorrido desde o início da infecção. Devido à alta frequência de reação cruzada com outros flavivírus, incluindo o da dengue, não há prova sorológica (ELISA IgM e IgG) acurada disponível a ser indicada 4-7 dias após o início dos sintomas. Sendo assim, o diagnóstico fica restrito à identificação do vírus por isolamento ou pela reação da cadeia de polimerase (RT-PCR) no quadro agudo da doença, até o 5º dia do início dos sintomas.


Não existe até o momento nenhum tratamento específico para esta arbovirose. A terapia recomendada é de suporte, sintomática, hidratação e repouso. Os casos suspeitos devem ser tratados como dengue, devido à gravidade já conhecida, principalmente no grupo de gestantes. Logo, não se recomenda o uso de ácido acetilsalicílico e outros anti-inflamatórios não esteroides, em função do risco aumentado de complicações hemorrágicas.


Visando ao diagnóstico da microcefalia (e outras alterações cerebrais) na gravidez, a conduta proposta para mulheres que residem em áreas nas quais o ZIKV é circulante está descrita no algoritmo a seguir. A ultrassonografia de 1o trimestre é universal, mas não faz o diagnóstico da microcefalia, que só é diagnosticada a partir da ultrassonografia morfológica de 20-24 semanas.


 


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