Como estimular a alimentação saudável sem eleger vilões?

Como estimular a alimentação saudável sem eleger vilões?

A ingestão de alimentos é altamente variável e a dieta é uma mistura complexa de nutrientes. Não é fácil estabelecer associações entre ingestão e risco de doenças sem controlar os fatores de confusão e viés, elegendo “vilões” da alimentação.


Guias alimentares1 devem encontrar uma forma realista e prática de suprir necessidades nutricionais, utilizando a dieta habitual de cada população, procurando ser dinâmicos e permitindo o máximo de flexibilidade para a escolha dos alimentos. Devem ser instrumento de orientação e informação, adaptando nutrientes e valor energético individualmente. Assim, a quantidade de energia (em calorias) depende de fatores como idade, sexo, peso, estatura e nível de atividade física. Por exemplo, enquanto uma dieta de 1.600 kcal é adequada para uma mulher sedentária, uma de 2.800 kcal adequa-se para um homem fisicamente ativo ou um adolescente do sexo masculino.


Uma alimentação equilibrada aceita que açúcares sejam consumidos com moderação, pois ocorrem de forma natural na composição ou são adicionados em alimentos e preparações, bem como óleos e gorduras. Sabe-se que refrigerantes adoçados com açúcar e sucos industrializados açucarados, quando consumidos em excesso, podem ser parcialmente responsáveis pelo ganho ponderal, embora possam fazer parte da constituição normal de uma dieta, dentro das recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).


Alguns aspectos da alimentação, como a necessidade de incluir fibras na dieta e os benefícios oferecidos pelo consumo de vegetais e frutas, podem ser considerados universais. Fontes não processadas de carboidratos certamente são mais benéficas que as processadas. A proteína de leguminosas, cogumelos, peixes (e até de insetos, para os apreciadores!) é mais saudável que a de aves, suínos e bovinos submetidos a rações. Gorduras mono- e poli-insaturadas causam menos transtornos que as saturadas e (certamente) trans. Com tantas variáveis em jogo quando se trata de alimentação, é simplesmente impossível atestar com certeza o efeito isolado de determinado micro- ou macronutriente.


Prescrever uma dieta variada, com alimentos de todos os grupos, dando preferência a vegetais como frutas, verduras e legumes e prioridade (não necessariamente exclusividade) aos alimentos em sua forma natural e a preparações assadas, cozidas em água ou vapor e grelhadas é recomendação ideal.


Os alimentos industrializados processados seguem padrões de qualidade avaliados criteriosamente pela indústria e cumprem normas fiscalizadas que visam a assegurar sabor, textura e cor dos alimentos, além de preservar seus nutrientes e evitar contaminação. Podem ser fonte de proteínas, fibras, vitaminas e minerais, e fazer parte de um cardápio saudável e equilibrado. Esses alimentos contam com seu valor nutricional no rótulo da embalagem. Essas informações nutricionais podem nos ajudar a fazer prescriçõs mais corretas. Os alimentos industrializados podem ser combinados com frutas, verduras, legumes e grãos integrais.


Referência


  1. Tucunduva S et al. Pirâmide alimentar adaptada: guia para escolha dos alimentos. Rev. Nutr. Campinas, 12:65-80, 1999.


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