Maioria dos profissionais de saúde considera a obesidade uma doença

Maioria dos profissionais de saúde considera a obesidade uma doença

Por Dr. Marcio C. Mancini – Cinco anos depois de a American Medical Association (AMA) ter declarado a obesidade uma doença que requer intervenções para tratamento e prevenção, o Medscape realizou uma pesquisa sobre o assunto, com 1.484 médicos e 2.802 enfermeiros, que responderam, respectivamente:


  • Ser a obesidade uma doença (64 e 54%)
  • Não ser uma doença (20 e 24%)
  • Não ter certeza (16 e 22%).

Opiniões diferiram por especialidade. Por exemplo, 82% dos especialistas em diabetes e endocrinologia concordam que a obesidade é uma doença, enquanto apenas 63% dos médicos generalistas pensam o mesmo, inclusive os médicos de família e clínica geral (ver a Tabela 1).



A pesquisa questionou também a frequência que os pacientes com obesidade tiveram sucesso no controle de peso a longo prazo e os números foram baixos: 12% dos médicos e 5% dos enfermeiros disseram que seus pacientes obtiveram sucesso constante ou frequente, enquanto 39 e 41% desses profissionais, respectivamente, alegaram que eles raramente ou nunca obtêm sucesso.


De acordo com todos os profissionais de saúde pesquisados, a intervenção mais recomendada para tratar a obesidade foi a dieta, depois o exercício. Os médicos eram duas vezes mais propensos que os enfermeiros a recomendar cirurgia bariátrica (32 vs. 14%) e também de recomendar medicamentos prescritos (24 vs. 11%).


As opiniões divergiram e variaram nos 122 comentários registrados desde que as perguntas da pesquisa foram postadas, particularmente entre os não especialistas. Um clínico escreveu: “a obesidade é um problema comportamental que leva à doença”. Um cirurgião oncológico anotou: “a obesidade não é uma doença, mas uma condição à qual as pessoas estão predispostas geneticamente ou por problemas endócrinos”. Outro clínico afirmou: “Conhecemos as escolhas por estilos de vida que causam obesidade: má alimentação, comer em excesso e baixo nível de atividade. É muito raro a obesidade ser causada apenas por hereditariedade ou doença. Neste caso, precisaríamos considerar doença usar o carro em vez de caminhar e comer milhares de calorias a mais por dia em relação ao necessário. A preguiça é uma doença”. Um médico de família observou: “em muitas máquinas de venda é mais barato comprar refrigerante do que água”.


O diretor do The Obesity, Metabolism and Nutrition Institute do Massachusetts General Hospital em Boston, Lee Kaplan, disse recentemente que o sucesso do paciente depende de uma mudança no modo como os profissionais de saúde entendem a obesidade, caso contrário o tratamento está fadado ao fracasso.


Em um comentário separado sobre a pesquisa publicada pela Medscape, Akshay B. Jain, endocrinologista do Wockhardt Hospital e Fraser River Endocrinology em Vancouver, no Canadá, escreveu: “No que se refere a uma situação que está se tornando pandemia, enquanto nós, médicos, não levarmos a obesidade a sério, seremos ineficazes para lidar com suas consequentes ramificações biopsicossociais e econômicas. Encarar a obesidade como uma doença é o primeiro passo para avaliar objetivamente os fatores que a causam e trabalhar para sua prevenção e seu tratamento”.


Fonte: Medscape Medical News, More Than Half of Physicians and Nurse.



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