Neurologia e Covid-19: o que devemos saber?

Neurologia e Covid-19: o que devemos saber?

Nos últimos meses, a população e os governos têm dedicado esforços para frear o avanço dos casos de Covid-19, doença causadora da pandemia responsável pela morte de milhares de pessoas em inúmeros países. A infecção pelo coronavírus parece “conhecer” todas as cadeias de “sinalização celular” que se associam ao sistema imune. Essa resposta em cascata relaciona-se com a presença de citocinas liberadas pelos linfócitos B, ativadas por macrófagos que, posteriormente, processam antígenos do vírus em questão. Tal informação é rapidamente repassada para o linfócito T.

 

Dores de cabeça, encefalites, meningites, tontura (vertigem), rebaixamento da consciência, ataxia, doenças cerebrovasculares agudas e crises convulsivas são sintomas neurológicos clássicos do acometimento do sistema nervoso central. Outros, frequentemente relatados pelos combalidos, como hipogeusia, hipopsia, neuralgia, neuropatias e hiposmia, têm relação com o sistema nervoso periférico.

 

Gostaríamos de salientar que já é conhecido pelos pesquisadores o potencial neurotrópico (capaz de infectar células nervosas) dos vírus da família coronavírus, principalmente dos nervos trigêmeo e olfatório. Ao invadir as células do nervo olfatório, o vírus provoca uma das manifestações neurológicas mais comuns, a anosmia, que é a dificuldade de sentir o cheiro e gosto. Os sintomas listados anteriormente, decerto, estão relacionados com a topografia da lesão em áreas específicas do sistema nervoso central e/ou periférico.

 

Devemos ficar vigilantes às novas manifestações associadas à infecção por SARS-CoV-2. Chama-nos atenção a rapidez de replicação viral pelo ribossomo citoplasmático, muito rico no retículo endoplasmático rugoso. O novo coronavírus tem uma “replicase” que faz parte de seu próprio núcleo. Indubitavelmente, podemos considerá-lo como um patógeno autônomo de material genético. A maquinaria, após sofrer infecção, começa a dar sinais de fragilidade e a “associar o botão” de start para a “morte” programada. Em caso de manifestações neurológicas, o neurologista deve ser prontamente acionado.

 

Colaborou:

Janie Fernandes do Nascimento

Acadêmica e interna de Medicina – UNIG.

 

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