Efeitos Pulmonares dos Anestésicos e Fármacos Coadjuvantes

Efeitos Pulmonares dos Anestésicos e Fármacos Coadjuvantes

A anestesia provoca comprometimento respiratório, seja o paciente mantido em ventilação espontânea ou mecânica. Tal comprometimento impede a adequação da ventilação alveolar e da perfusão e, consequentemente, da oxigenação arterial.


Um importante fator para o comprometimento respiratório durante a anestesia geral com paciente em ventilação espontânea é a redução da sensibilidade ao CO2 causada pelos anestésicos inalatórios, barbitúricos e opioides. A resposta é dose-dependente, havendo relação direta entre a redução da ventilação e a profundidade anestésica. Isso não impede o uso da ventilação espontânea durante a anestesia inalatória em crianças e adultos, sob monitorização e ajuste apropriado.


A utilização de bloqueadores neuromusculares para promover relaxamento cirúrgico no período intraoperatório pode ser uma importante causa de complicação respiratória e surgimento de hipoxemia no pós-operatório, o que ocorre principalmente em virtude da presença de bloqueio neuromuscular residual. Assim, deve-se considerar a avaliação dos pacientes com o uso de monitores quantitativos do bloqueio neuromuscular, particularmente quando utilizados bloqueadores de longa ação, como o pancurônio.


Existem evidências de que os anestésicos inalatórios, por exemplo, isoflurano e sevoflurano, podem reduzir a lesão pulmonar induzida por ventilação (VILI). O pré-condicionamento com isoflurano nos pulmões e em outros órgãos simula o efeito cardioprotetor do pré-condicionamento isquêmico, por meio da ativação dos receptores de adenosina e canais de potássio sensíveis ao ATP. Propriedades anti-inflamatórias e antiapoptóticas do isoflurano têm sido demonstradas no cérebro, no coração, no fígado e nos rins. O isoflurano induz efeitos protetores durante isquemia-reperfusão e lesão pulmonar induzida por endotoxina ou zymosan. Também há benefício na redução da liberação de citocinas, ocasionada pela ventilação mecânica, além de efeito protetor contra lesão pulmonar por evitar respostas pró-inflamatórias.


Na anestesia regional, os efeitos ventilatórios dependerão do tipo e da extensão do bloqueio motor. Em anestesia peridural ou subaracnóidea extensa, com bloqueio de segmentos torácicos, há redução da capacidade inspiratória e diminuição do volume de reserva expiratório de 20 para 0%. A função diafragmática, entretanto, é geralmente poupada, mesmo nos casos de extensão inadvertida do bloqueio de neuroeixo para níveis cervicais. Habitualmente, a anestesia regional altera minimamente as trocas gasosas. Assim, a oxigenação arterial e a eliminação de dióxido de carbono durante raquianestesia e peridural permanecem preservadas. Isso corrobora com o fato de não existir redução da CRF, tampouco alteração da relação VA/Q durante a anestesia peridural.


Compartilhe: