Zika Virus (ZIKAV): o que é importante saber?

Zika Virus (ZIKAV): o que é importante saber?

Em meados de 2015, o Brasil foi abalado pelo aumento de casos de microcefalia no estado de Pernambuco, o que coincidiu com a epidemia de ZIKAV. Essa situação alarmante ganhou escala mundial e implicou a expansão do conhecimento sobre o vírus. Diversas questões ainda estão em aberto, trazendo muita incerteza entre profissionais de saúde e, em especial, gestantes ou mulheres que pretendem engravidar. Conhecer o problema pode ser útil.


Como diagnosticar a infecção?


Essa é uma tarefa complexa, considerando sua expressão clínica. Estima-se que 80% dos casos sejam assintomáticos. Podem ocorrer exantema maculopapular pruriginoso, febre intermitente, hiperemia conjuntival não purulenta e sem prurido, artralgia, mialgia e dor de cabeça. Os sintomas geralmente desaparecem após 3 a 7 dias. O método laboratorial para o diagnóstico da infecção é a detecção do RNA viral em sangue coletado até o quarto dia após o início dos sintomas. Tal teste não está disponível comercialmente, por isso diagnosticar com certeza a infecção pelo ZIKAV não é tarefa simples.


Quais são as formas de transmissão?


Embora a picada do mosquito Aedes aegypti seja a forma principal de transmissão do vírus, existe também a possibilidade de transmissão pelo sêmen, por isso o uso de preservativo por indivíduos infectados é recomendado como forma de evitar a transmissão sexual. Mulheres que tenham feito sexo sem proteção e suspeitem de estar infectadas com o ZIKAV podem receber contracepção de emergência caso não desejem engravidar. Os parceiros sexuais de mulheres grávidas que residam ou estejam voltando de áreas onde haja transmissão local do ZIKAV devem fazer sexo protegido por preservativo. Não é recomendada a investigação do vírus no sêmen.


ZIKAV causa microcefalia? Qual é o risco de ocorrência?


O ZIKAV pode causar microcefalia e outras malformações. Essa constatação é plausível, pois cumpre tanto as condições da lista de Shepard para demonstrar a teratogenicidade quanto as da lista de Bradford Hill para separar causalidade e associação. Quanto aos riscos, há de se levar em conta que a microcefalia sempre existiu e tem vários fatores causais. Um estudo feito entre os casos de microcefalia na Polinésia Francesa calculou que o risco basal antes da epidemia era de 2/10.000 recém-nascidos, sendo o risco associado ao ZIKAV no primeiro trimestre de 95/10.000 e não havendo possibilidade de estimar valores para outros trimestres.


Há prevenção? É possível interromper a gestação de fetos acometidos?


Gestantes no primeiro trimestre devem se proteger do mosquito usando roupas apropriadas e repelentes. Diante da suspeita de infecção aguda no primeiro trimestre, o seguimento ultrassonográfico seriado será capaz de identificar problemas no desenvolvimento fetal. A lei brasileira não faculta a interrupção da gestação de fetos acometidos, sendo difícil predizer de forma segura as limitações funcionais que os recém-nascidos apresentarão.



Bibliografia


  1. Orientações gerais, prevenção e combate. Dengue, Chikungunya e Zika. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/orientacoes-zika. Acessado em: 18/06/2016.
  2. 2. OMS esclarece dúvidas sobre a transmissão do vírus Zika por relações sexuais. Disponível em: https://nacoesunidas.org/oms-esclarece-duvidas-sobre-a-transmissao-do-virus-zika-por-relacoes-sexuais/. Acessado em: 18/06/2016.
  1. Cauchemez S, Besnard M, Bompard P, Dub T, Guillemette-Artur P, Eyrolle-Guignot D et al. Association Between Zika Virus and Microcephaly in French Polynesia, 2013–15: A Retrospective Study. Lancet 2016; 387: 2125–32.

 


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