Tratamento com corticoide antenatal para a maturação fetal

Tratamento com corticoide antenatal para a maturação fetal

Por Dr. Carlos Antonio Barbosa Montenegro – O uso do corticoide antenatal para a maturação pulmonar fetal está consagrado em obstetrícia. Os trabalhos de Liggins (1969) em ovelhas foram pioneiros, logo transpostos para a espécie humana por Liggins & Howie (1972). Segundo as recomendações do American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG, 2016) um único curso de corticoide é recomendado para mulheres grávidas entre 24 0/7 e 33 6/7 semanas, com risco de parto pré-termo dentro de 7 dias, incluindo aquelas com ruptura das membranas (ausente corioamnionite) e gravidez gemelar. Isto pode ser considerado também para a gestante a partir de 23 0/7 semanas (período periviável), desde que a decisão da família seja pela reanimação neonatal.


Os corticoides recomendados são a betametasona, 2 doses de 12 mg IM, com intervalo de 24 horas, ou a dexametasona, 4 doses de 6mg IM, a intervalos de 12 horas (duração total de 48 horas). Uma única dose deve ser administrada, mesmo que não se anteveja, pelo cenário clínico, a possibilidade da segunda.


Destaques


Um único curso de corticoide pode ser considerado para gestantes com risco iminente de parto pré-termo tardio (34 0/7 – 36 6/7 semanas), assim como para aquelas com indicação de cesárea planejada com ≥ 37 (37 0/7 -38 ) semanas.


Cursos repetidos de corticoide (mais de dois) não são recomendados. Um curso de corticoide antenatal pode ser repetido em mulheres com < 34 0/7 semanas, com risco iminente de parto pré-termo dentro de 7 dias e cujo curso anterior foi administrado há mais de 14 dias. A depender do cenário clínico, esse prazo para o corticoide de resgate pode ser reduzido para 7 dias.


A vigilância continuada do prognóstico tardio deve ser sustentada após a exposição in utero ao corticoide. Eficácia do corticoide antenatal em gestações de ≥ 34 semanas (Saccone & Berguella, 2016).


A tocólise não deve ser utilizada no cenário do parto pré-termo tardio. Não é recomendada em gestações de ≥ 34 semanas.


O corticoide antenatal na gestação de ≥ 34 semanas reduziu significativamente o risco de morbidade respiratória neonatal: risco relativo (RR) de 0,74 para a síndrome de angústia respiratória (SAR) e de 0,56 para taquipneia transitória.


Os corticoides recomendados são a betametasona ou a dexametasona, nas mesmas doses já referidas.


Referências bibliográficas


  • American College of Obstetricians and Gynecologists. Antenatal corticosteroid therapy for fetal maturation. ACOG Committee Opinion No Obstet Gynecol 2016; 128: e187.
  • Saccone G, Berguella V. Antenatal corticosteroid for maturity of term or near term fetuses: systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. BMJ 2016; 355: i5044.

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